Ninguém gosta de um ativista.

23/05/2009

Semana passada aconteceu uma coisa que me deixou ao mesmo tempo triste, orgulhosa e revoltada. Moradores do meu conjunto protestaram contra o desmatamento do Parque Ecológico do Município de Belém, localizado entre o conj Médice e o Bela Vista. Me deixou triste, pois vi de perto a ação do homem degradando aquilo que ele deveria chamar de lar. E degradando um verde que, para mim, sempre foi muito especial. Me deixou orgulhosa porque eu vi, também muito de perto, essa galera se mexendo, saindo de suas casas, brigando por algo que (mesmo que eles não saibam) é de todos. E me deixou revoltada por ver que, mesmo com isso, com briga, organização, apelo da mídia, apelo dos estudantes, a Lei do nosso lado. Mesmo com tudo isso, ainda podemos perder essa batalha. Porque grandes interesses estão envolvidos. E a política está aí, sempre do lado contrário ao certo, ao justo, à vida e ao próprio Homem.
As justificativas para a destruição da mata são: para fins de construção de uma via urbana (complexo viário da Av. Júlio César). Em contrapartida, a empresa responsável criaria um complexo de aproveitamento da floresta pela população, com espaços de convivêcia, trilhas, áreas de lazer, etc.
Deixem-me dizer-lhes, porém que, além do fato quase que gritante de isto ser só papo furado, uma estrada rasgando uma floresta nunca, eu disse NUNCA traz coisas boas para a mesma. Ou vocês acham que os animais vão simplesmente continuar vivendo lá, com todo o barulho e a poluição dos carros que passarem por esta via? Ou vocês acham que a população carente, que não tem onte morar, não vai achar ótima a oportunidade de desmatar uma área em frente a uma grande rodovia, para fixar-se ali naquele lugar? Ou vocês acham que, mesmo que todo esse complexo seja criado, essa floresta vai continuar realizando todo o enorme bem que ela nos proporciona, mesmo sem pedir nada em troca?
E eu não estou falando apenas de transferir gás carbônico em oxigênio. Estou falando de escoamento da água da chuva, preservação de milhares de espécies, diminuição da temperatua do ambiente ao redor, proteção da população que mora no entorno, enorme potencial de reservatório de biomassa, assim como de carbono. Além de outras tantas que minha mente pequena e pouco informada nem sequer saberia citar.
O maior espanto, é o fato de que a área desmatada trata-se de uma Unidade de Conservação Municipal- criado pela Lei Municipal 7.539/91. E que mesmo assim os projetos foram aprovados pela SEMMA.
No momento, O Ministério Público do Estado (MPE) expediu recomendação à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), solicitando medidas de preservação do Parque Ecológico do Município de Belém. E a obra está então parada.
Mas eu digo pra vocês: isto ainda não acabou. E nem vai acabar tão próximo. Vai ser feito tudo o que for possível e imaginável para que essa obra se concretize. Portanto, se realmente não queremos ter mais esse bem ceifado de nossa cidade, temos que nos unir, nos fortalecer. Nos manter informados, acima de tudo. Ativismo não se faz apenas se amarrando em árvores e gritando contra as motosseras. Mas também formando opiniões (formando também a sua opinião), provando que estamos certos e mostrando, com Argumentos e Conversa, que temos sim razão. E que podemos vencer, mesmo que todas as forças estejam contra. Mesmo que ninguém goste de um ativista.

2 comentários:

C. S. H. N disse...

Nossas autoridades locais estão demonstrando sua natureza, a típica praticada em nosso país. Tomar decisões sem que avaliações satisfatórias sejam feitas...pq se fossem, as divulgariam e nós não ficaríamos inconformados com o baixo custo-benefício do uso que estão a fazer de nossos recursos naturais.

Ricardo Solis disse...

A compensação ambiental é algo muito contraditório. Como desenvolver através de uma estrada para aí sim preservar o parque? Isso não se chama compensação, se chama chantagem ambiental, como sempre ocorre com a maioria dos projetos privados.

Só a sociedade civil pode dar um jeito nisso se armando através do exercício da vida pública e construindo alternativas que tenham força política.

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